domingo, 30 de novembro de 2008

- São Paulo -

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Fusão dos universos urbano e rural e revalorização da cultura popular
– São Paulo –
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*Por Álvaro Barcellos
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...e ver o mar às vezes bem que é preciso
pra ter certeza de ainda estar-se vivo
mesmo que o casco esteja velho
e corroído...
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dizia o compositor Renato Teixeira em sua canção Olhos profundos. Um dos nomes mais importantes da MPB, em especial a partir dos anos 70, santista criado em Taubaté, Teixeira, através de soluções harmônicas por vezes surpreendentemente simples, impõe-se de modo sutil, criativo e visceral, e sussurra ao cantar – um João Gilberto do Brasil de dentro. Renato Teixeira assina clássicos como Romaria, imortalizada na voz de Elis Regina, e Amanheceu, peguei a viola, além de temas com o pantaneiro Almir Sater, como Tocando em frente.
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Em linha próxima, temos Passoca, autor de Sonora garoa, e que fez um CD onde reúne clássicos do cancioneiro caipira, como Angelino de Oliveira (Tristeza do Jeca), Cornélio Pires (Jorginho do sertão), João Pacífico e Raul Torres (Pingo d’água), Tião Carreiro (Rio de lágrimas, parceria com Lourival dos Santos e Piraci), entre outros.
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Destacam-se também nomes como os do cantor e ator Rolando Boldrin, autor de Amor de violeiro e Vide vida marvada (que abria seu excelente programa Som Brasil), e o do violeiro e compositor Adauto Santos, autor de Triste berrante. O casal Osvaldinho Viana e Mariza (No balança da rede e Pedra de rio) também marca o interior paulista, o Brasil de dentro. Assim como os irmãos – bluezeiros caipiras – Paulo e Jean Garfunkel (autores de Mazzaropi). Jean e Pratinha compuseram Passarinheiro. Emblemática é também a presença da cantora e pesquisadora Inezita Barroso.
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Nome importante, experimental, é o de Luiz Tatit, autor de Boa noite juntamente com o irmão Paulo Tatit – ; Luiz assina Alguém total com Dante Ozzetti. Junto com Ná Ozzetti, eles integraram o grupo Rumo. Possuem bela obra inclusive para o público infantil. Luiz Tatit compôs também com Arnaldo Antunes Criança não trabalha. Zé Miguel Wisnik assina Simples e Baião de quatro toques – esta com o próprio Luiz Tatit.
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Natan Marques, de Sai dessa e Comboio, é violonista e guitarrista de inclinação jazzística, e acompanhou por vários anos nomes como Elis Regina e Renato Teixeira, cujos filhos Chico Teixeira (de Alvorada brasileira e Curvelo, esta em parceria com o pai) e João Lavraz (de Encostada na varanda, também em parceria com o pai) começam a despontar.
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São Paulo já revelara Guilherme Arantes (Meu mundo e nada mais, Planeta água e Brincar de viver), além de Walter Franco (Coração tranqüilo e Serra do luar). E também Carlinhos Vergueiro (Por que será?, parceria com Toquinho e Vinicius, e Tocaia de cobra, com Paulo César Pinheiro), e o próprio Toquinho (de O caderno, parceria com Mutinho, e Tarde em Itapoá, com o eterno parceiro Vinicius de Moraes).
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Na linhagem do samba paulista, com o qual fartou-se o grupo Demônios da Garoa, temos o grande Adoniran Barbosa (Trem das onze e Saudosa maloca). Na velha guarda, destaca-se também Paulo Vanzolini (de Ronda e Cuitelinho – mas esta não é samba e é colhida do folclore, por Vanzolini e Antonio Xandó). Nos anos 70, estoura Benito di Paula, pianista do samba (de Retalhos de cetim e Charlie Brown).
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O nome de Eduardo Gudin (Verde, e Maior é Deus – esta em parceria com Paulo César Pinheiro) começou a surgir nacionalmente em festival global através da voz forte de Leila Pinheiro. Gudin também assina canção gravada pelo MPB4: Velho ateu – parceria com Roberto Riberti, autor de Passageiro. Já Itamar Assunção (de Mal menor e Por que não pensei nisso antes?), engrossava a lista dos malditos, tendo já trabalhado com o paranaense Arrigo Barnabé (de Clara crocodilo, e que experimentava composições atonais – que começavam com determinado acorde, e na medida em que a canção se desenvolvia, não voltava no fim da canção para o acorde original).
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No começo dos anos 70, nomes como João Ricardo, Gerson Conrad e Ney Matogrosso reúnem -se em torno do grupo Secos e Molhados, de sucessos como Sangue latino e Rosa de Hiroshima (comovente momento em que Conrad musica o célebre poema de Vinicius de Moraes).
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Arnaldo Antunes, Nando Reis, Paulo Miklos e Charles Gavin dominavam a cena do rock paulista a frente do grupo Titãs – de Comida (de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito) e Pra dizer adeus (de Tony Belloto e Nando Reis).
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Como quer que seja, e cada um na sua, bem ao gosto de um lugar tão marcadamente plural, cada um desses cantores/cantoras, grupos, compositores/compositoras sabe no fundo que o fundamental mesmo é prosseguir com seu canto... pra ter certeza de ainda estar-se vivo / mesmo que o casco esteja velho e corroído.
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Abaixo, vídeos com as músicas "Tocando Em Frente" (03:05) com Renato Teixeira; "Alguém Total" (04:01) com Luiz Tatit e Ceumar; e "Saudosa Maloca" (04:40) com Adoniran Barbosa e Elis Regina.


(Tocando Em Frente)

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(Alguém Total)

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(Saudosa Maloca)

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(Mande suas críticas e sugestões de pautas para o e-mail: ab.prs@hotmail.com)
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*Álvaro Barcellos, poeta e letrista gaúcho.
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Foto: Banco de imagens da web

sábado, 29 de novembro de 2008

Poesia Matemática

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Numa quebra com a visão cartesiana em que podemos permitir a possibilidade de um intenso namoro do mundo objetivo com o subjetivo, uma poesia matemática vai bem...
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Poesia Matemática*
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Millôr Fernandes
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Às folhas tantas

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do livro matemático
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um Quociente apaixonou-se
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um dia
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doidamente
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por uma Incógnita.
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Olhou-a com seu olhar inumerável
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e viu-a do ápice à base
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uma figura ímpar;
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olhos rombóides, boca trapezóide,
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corpo retangular, seios esferóides.
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Fez de sua uma vida
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paralela à dela
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até que se encontraram
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no infinito.
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"Quem és tu?", indagou ele
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em ânsia radical.
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"Sou a soma do quadrado dos catetos.
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Mas pode me chamar de Hipotenusa."
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E de falarem descobriram que eram
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(o que em aritmética corresponde
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a almas irmãs)
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primos entre si.
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E assim se amaram
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ao quadrado da velocidade da luz
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numa sexta potenciação
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traçando
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ao sabor do momento
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e da paixão
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retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
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nos jardins da quarta dimensão.
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Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
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e os exegetas do Universo Finito.
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Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
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E enfim resolveram se casar
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constituir um lar,
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mais que um lar,
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um perpendicular.
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Convidaram para padrinhos
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o Poliedro e a Bissetriz.
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E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
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sonhando com uma felicidade
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integral e diferencial.
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E se casaram e tiveram uma secante e três cones
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muito engraçadinhos.
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E foram felizes
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até aquele dia
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em que tudo vira afinal
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monotonia.
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Foi então que surgiu
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O Máximo Divisor Comum
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freqüentador de círculos concêntricos,
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viciosos.
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Ofereceu-lhe, a ela,
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uma grandeza absoluta
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e reduziu-a a um denominador comum.
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Ele, Quociente, percebeu
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que com ela não formava mais um todo,
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uma unidade.
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Era o triângulo,
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tanto chamado amoroso.
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Desse problema ela era uma fração,
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a mais ordinária.
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Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
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e tudo que era espúrio passou a ser
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moralidade
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como aliás em qualquer
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sociedade.
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*Texto oriundo do livro "Tempo e Contratempo" (1954) - publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.
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Foto: Banco de imagens da web

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dois Rios

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Observando a música “Dois Rios” da banda "Skank" é possível perceber certa influência beatleniana. A música pertence ao álbum “Cosmotron” de 2003 que foi premiado no ano seguinte com o Grammy de melhor gravação de rock.
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Abaixo, vídeo da música "Dois Rios" (04:13) com a banda Skank.
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Foto: Banco de imagens da web

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Sinal Fechado

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Sinal Fechado
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Paulinho da Viola
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Olá, como vai?

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Eu vou indo e você, tudo bem?
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Tudo bem eu vou indo correndo
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Pegar meu lugar no futuro, e você?
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Tudo bem, eu vou indo em busca
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De um sono tranquilo, quem sabe ...
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Quanto tempo... pois é...
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Quanto tempo...
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Me perdoe a pressa
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É a alma dos nossos negócios
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Oh! Não tem de quê
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Eu também só ando a cem
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Quando é que você telefona?
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Precisamos nos ver por aí
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Pra semana, prometo talvez nos vejamos
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Quem sabe?
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Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...)
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Tanta coisa que eu tinha a dizer
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Mas eu sumi na poeira das ruas
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Eu também tenho algo a dizer
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Mas me foge a lembrança
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Por favor, telefone, eu preciso
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Beber alguma coisa, rapidamente
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Pra semana
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O sinal ...
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Eu espero você
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Vai abrir...
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Por favor, não esqueça,
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Adeus...
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Abaixo, vídeo com a música "Sinal Fechado" (02:48) com Elis Regina.
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Foto: Banco de imagens da web

Mariana Aydar

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Mariana Aydar provém de uma família com raízes na música, pois seu pai é integrante do grupo "Premê" e sua mãe produtora de vários artistas.
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Ela tem se apresentado com muitos nomes conhecidos e vem traçando seu espaço há pouco tempo.
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Possui uma formação musical acadêmica, tendo estudado cello, violão e canto.
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Lançou seu primeiro cd “Kavita 1” em 2006 e teve a indicação ao prêmio VMB na categoria revelação em 2007, vindo a realizar seu primeiro show em 2008.
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Mariana é considerada como integrante de uma safra de cantoras no cenário da nova MPB.
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Abaixo, vídeo da música "Deixa o Verão" (03:51) com Mariana Aydar.


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Foto: Banco de imagens da web - capa do cd "Kavita 1".

sábado, 22 de novembro de 2008

O Homem e Seus Conflitos...

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Um Cavalo Sem Nome (A Horse With No Name)
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Dewey Bunnell / Tradução: Não informada

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Na primeira parte da jornada

Eu estava olhando para todas as formas de vida
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Havia plantas e pássaros e rochas e coisas
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Havia areia e morros e arcos
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A primeira coisa que eu encontrei foi uma mosca zumbindo
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E o céu sem nuvens
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O clima estava quente e o chão estava árido
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Mas o ar estava cheio de barulho
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Eu atravessei o deserto num cavalo sem nome
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Ele se sentiu bem em ter saído da chuva
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No deserto você pode se lembrar o seu nome
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Porque lá não há ninguém para te fazer sofrer
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(Lá, lá, lá...)

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Depois de dois dias sob o sol do deserto

Minha pele começou a ficar vermelha
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Depois de três dias no deserto, que graça,

Eu estava olhando para um leito de rio
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E a história que ele revelou de um rio que corria
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Me deixou triste em pensar que ele estava morto
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Tá vendo, eu atravessei o deserto num cavalo sem nome
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Ele se sentiu bem em ter saído da chuva
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No deserto você pode se lembrar o seu nome
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Porque lá não há ninguém para te fazer sofrer
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(La, la, La...)

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Depois de nove dias eu deixei o cavalo ir embora

Porque o deserto tinha virado mar
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Havia plantas e pássaros e rochas e coisas
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Havia areia e morros e arcos
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O oceano é um deserto com vida submersa
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E tem sobre ele um disfarce perfeito

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Sob as cidades está escondido um coração feito de terra
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Mas os seres humanos não darão amor
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Tá vendo, eu atravessei o deserto num cavalo sem nome
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Ele se sentiu bem em ter saído da chuva
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No deserto você pode se lembrar o seu nome
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Porque lá não há ninguém para te fazer sofrer
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(Lá, lá, lá...)

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Abaixo, vídeo da música "A Horse With No Name" (04:07) com Jarhead.
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Foto: Banco de imagens da web

Lenda Cherokee

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Texto enviado por Valdriana Pavão - Curitiba/PR
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Lenda Cherokee
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Você conhece a lenda do rito de passagem da juventude dos índios Cherokees?
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O pai leva o filho para a floresta durante o final da tarde, venda-lhe os olhos e deixa-o sozinho. O filho se senta sozinho no topo de uma montanha toda a noite e não pode remover a venda até os raios do sol brilharem no dia seguinte. Ele não pode gritar por socorro para ninguém. Se ele passar a noite toda lá, será considerado um homem. Ele não pode contar a experiência aos outros meninos porque cada um deve tornar-se homem do seu próprio modo, enfrentando o medo do desconhecido. O menino está naturalmente amedrontado. Ele pode ouvir toda espécie de barulho. Os animais selvagens podem, naturalmente, estar ao redor dele. Talvez alguns humanos possam feri-lo. Os insetos e cobras podem vir picá-lo. Ele pode estar com frio, fome e sede. O vento sopra a grama e a terra sacode os tocos, mas ele se senta estoicamente, nunca removendo a venda. Segundo os Cherokees, este é o único modo dele se tornar um homem... Finalmente... Após a noite horrível, o sol aparece e a venda é removida. Ele então descobre seu pai sentado na montanha perto dele. Ele estava a noite inteira protegendo seu filho do perigo. Nós também nunca estamos sozinhos! Mesmo quando não percebemos, Deus está olhando por nós, 'sentado ao nosso lado'. Quando os problemas vêm, tudo que temos a fazer é confiar que ELE está nos protegendo.
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Evite tirar a sua venda antes do amanhecer....
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Moral da história:
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Apenas porque você não vê Deus, não significa que Ele não esteja com você. Nós precisamos caminhar pela fé, não com a nossa visão material. "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos" (Mt 28,20).
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Foto: Banco de imagens da web

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Almirante Negro

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A pretexto da data de 20 de novembro (Dia da consciência negra), poderíamos enumerar vários nomes de pessoas que tiveram na pele o insulto, a resistência, a divisão e a luta pelo direito inerente a todos nós - liberdade .
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Porém faço uma pequena menção a um exclusivamente - João Cândido do Nascimento (1880-1969), o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata, em 1910, uma das páginas mais sangrentas, heróicas e esquecidas de nossa história.
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"Assunto de alto-relevo e pouca presença na consciência dos brasileiros", como definiu o crítico Antonio Candido, o movimento liderado pelo Almirante Negro.
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No dia 22 de novembro de 1910, a Armada revolta-se, depois que um marujo recebe mais de 200 chibatadas no convés, punição tão cruel que até os oficiais viraram o rosto. O disciplinado timoneiro João Cândido, que jamais havia recebido uma chibatada, toma a liderança do movimento. Sob ordens do "Almirante Negro", os marujos manobraram os navios de guerra pela Baía de Guanabara e voltam os canhões para a cidade. Pedem o fim da chibata, aumento de soldo e o ingresso de negros na Escola de Oficiais.
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No Senado, Rui Barbosa defendeu - com êxito - a justeza das reivindicações e a anistia para os revoltosos. Mas a anistia foi cassada uma semana depois e os revoltosos cruelmente perseguidos e muitos mortos sob maus-tratos. João Cândido, depois de passar dias numa masmorra sem água ou comida - eram 18 marujos, só dois sobreviveram - foi internado como louco no Hospital da Praia Vermelha. Lá ganhou a proteção do médico Juliano Moreira. Dois anos depois, saiu. Mas jamais pode reingressar na Marinha, como gostaria. No dia em que o "seu navio" Minas Gerais virou sucata, ele pegou um barco e foi ao mar despedir-se do encouraçado.
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João Bosco e Aldir Blanc compuseram nos anos 70 a música “Mestre-Salas dos Mares” em homenagem a João Candido.
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As datas em destaque cumprem um papel importante com fins memoriais e por sua vez de possíveis reflexões, mas chegará um tempo em que todos os dias poderão ser dias de consciência, pois como dizia Milton Nascimento "..todo dia é dia de viver...".
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Abaixo, vídeo da música "Mestre-Salas dos Mares" (02:26) com Elis Regina; e da música "Para Lennon e McCartney" (02:36) com Milton Nascimento & Wagner Tiso.
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(Mestre-Salas dos Mares)

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(Para Lennon e McCartney)

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Fonte histórica: Matéria cultural de Beth Néspoli (março/2002).

Foto: Banco de imagens da web.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A Escravatura Que Dura

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A Escravatura Que Dura(1)
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Por João Tunes - Seixal - Portugal
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Muitas vezes, demasiadas, com o nosso encanto folclórico-afectivo pelo Brasil, sobretudo por causa da sua oralidade musicada, pelos brasileiros (e porque não dizer: sobretudo com as brasileiras!), mais pelo canto dos cantores épicos de Lula como imitação pífia e trotsquista-cristã do “Cavaleiro da Esperança”, esquece-se um fenómeno bem tangível para quem visita e conhece o Brasil – ser, e continuar a ser, um dos países mais racistas do mundo. Não daquele racismo de sopro e assobio, mas racismo do mais cruel e primário – o que mantém uma naco apreciável da sua população, os negros e as negras, afastados da decisão e sempre perto da discriminação, exceptuando quase só quando abanam a bunda ou dão genial pontapé na bola. É uma herança nossa, portuguesa, quando se investiu no Brasil, por causa da cana de açúcar (transferindo-se a produção antes centrada em São Tomé) e a Terra de Vera Cruz se transformou em grande destino do mercado de escravos. E há heranças, mesmo se bem disfarçadas, que perduram.
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Leia-se Carlos Lopes(2):
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1. Texto postado em março/2006 no blog Água Lisa.
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2. Carlos Lopes, editor-chefe do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005 — Racismo, pobreza e violência, lançado pelo PNUD. Lopes foi representante do PNUD e da ONU no Brasil.
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Observação: 20 de novembro - Dia da Consciência Negra (no Brasil).
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Foto: Extraído do blog Água Lisa.

Água Lisa

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Outro dia eu postei um texto num blog de um amigo num viés mais sócio-econômico e dentro da abordagem ampliavam-se algumas questões pertinentes ao fato do mundo estar mais aparatado para se comunicar e com isso não ocultar as informações, pois tem sido assim na minha visão sobre a internet que nos possibilita em tempo real fazer uma comunicação ampla de informações e idéias.
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Pois tive a grata oportunidade em alguns desses passeios e pesquisas pela internet de conhecer um blog que me chamou a atenção e que passei a acompanhá-lo inclusive os posts mais antigos, esse blog chama-se “Água Lisa” do cidadão português João Tunes com quem acabei me comunicando e simpaticamente trocando informações.
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Penso ser seu blog muito interessante e mostra outras leituras do além-mar e do viés sociológico e político.
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Além do blog do João, será possível conhecer outros blogs interessantes que estão elencados em seus links. Para quem tiver interesse em acessá-lo e o qual eu recomendo, o Blog “Água Lisa” está entre os nossos links.
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Abraço ao João.
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Foto: Banco de imagens da web.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A Cigarra

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A Cigarra (Como La Cigarra)
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Maria Elena Walsh / Tradução: não informada
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Tantas vezes me mataram
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Tantas vezes eu morri
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Mas agora estou aqui
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Ressuscitando.
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Agradeço à desgraça
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E à mão com um punhal
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Por ter me matado tão mal
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E eu segui cantando
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Cantando ao sol como uma cigarra
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Depois de um ano embaixo da terra
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Igual a um sobrevivente
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Que volta da guerra
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Tantas vezes me apagaram
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Tantas desapareci
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Ao meu próprio enterro fui
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Sozinho e chorando.
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Dei um nó no lenço
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Mas me lembrei em seguida
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Que não era a única vez
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E segui cantando.
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Cantando ao sol como uma cigarra
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Depois de um ano embaixo da terra
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Igual a um sobrevivente
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Que volta da guerra
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Tantas vezes te mataram
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Tantas ressuscitarás
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Quantas noites passarás
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Desesperando.
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No momento do naufrágio
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E da escuridão
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Alguém te resgatará
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Para ir cantando
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Cantando ao sol como uma cigarra
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Depois de um ano embaixo da terra
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Igual a um sobrevivente
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Que volta da guerra


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Abaixo, vídeo da música "Como La Cigarra" (03:13) com Mercedes Sosa.



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Foto: Banco de imagens da web

domingo, 16 de novembro de 2008

A Bondade de Estranhos

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Na 28ª Bienal de São Paulo: "em vivo contato", que está acontecendo de 26 de outubro a 06 de dezembro, ocorreu uma situação da qual penso ser interessante se fazer um recorte.
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A performance "A Bondade de Estranhos" do artista Maurício Ianês consiste em permanecer durante o período da Bienal dormindo no local e manter-se dependendo apenas de doações das pessoas (água, comida e etc.), não comunicar-se verbalmente com o público e expor-se nú durante o horário de funcionamento, o que suscitou e suscita o estranhamento e a sensibilidade das pessoas.
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Durante a semana a performance de Ianês fez com que a estudante de sociologia Maria Fernanda (20 anos), após conseguir convencer a segurança do evento em lhe permitir a entrada após o horário de funcionamento, foi ao encontro de Maurício Ianês para manifestar sua solidariedade levando-lhe uma rosa.
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Ela “conversou” com o artista durante 20 minutos e chorava muito.
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Maria Fernanda disse: “É como se eu sentisse a essência dele, tenho até vontade de gritar” - "Ele não fala, mas me responde com o olhar".
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Evidentemente que dentro do contexto de uma performance tudo ganha outro sentido, mas é possível reparar o quanto é expressivo para as pessoas o processo das relações humanas e por trás de tudo que envolve o vínculo humano que muitas vezes no dia-a-dia acaba tomando outras formas...
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Foto: Folha de São Paulo/UOL
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Fonte: Folha de São Paulo/UOL

sábado, 15 de novembro de 2008

Passeio Socrático

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Texto enviado por Rosa Maria Almeida dos Santos – Pelotas/RS
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Você sabe o que é um passeio socrático?
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*Frei Betto
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Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'
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Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:
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- Não foi à aula? Ela respondeu:
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Não, tenho aula à tarde.
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Comemorei:
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Que bom! Então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde.
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Não, retrucou ela, tenho tanta coisa de manhã...
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Que tanta coisa?, perguntei.
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Aulas de inglês, de balé, de pintura, natação, e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
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Estamos construindo super-homens e super-mulheres totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante aos currículos escolares incluírem aulas de meditação!
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Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos:
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- Como estava o defunto?
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Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!
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Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
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Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse.
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Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais.
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Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais...
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Cultura é o refinamento do espírito.
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Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é 'entretenimento' ; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis,­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!'
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O problema é que, em geral, não se chega! Quem se deixa iludir desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, se sente louco porque não faz parte da neurose coletiva. Os psicanalistas - que também desejam 'ter' e não se satisfazem com o que são, o que amam, o que fazem - tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes.
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Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. O grande desafio é gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
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Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas... Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista.
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Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus, como os que outrora foram convencidos a comprar a própria absolvição. Deve-se passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's...
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Costumo advertir os balconistas que me cercam à portadas lojas:
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Estou apenas fazendo um passeio socrático.
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Diante de seus olhares espantados, explico:
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Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: 'Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.'
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*Frei Betto - Frei dominicano. Escritor. Autor, em parceria com Luís Fernando Veríssimo e outros, de 'O desafio ético' (Editora Garamond), entre outros livros.
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Foto: Banco de imagens da web

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A Seta e o Alvo

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A Seta e o Alvo
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Paulinho Moska e Nilo Romero

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Eu falo de amor à vida,
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Você de medo da morte.
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Eu falo da força do acaso
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E você de azar ou sorte.
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Eu ando num labirinto
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E você numa estrada em linha reta.
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Te chamo pra festa,
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Mas você só quer atingir sua meta.
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Sua meta é a seta no alvo,
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Mas o alvo, na certa, não te espera.
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Eu olho pro infinito
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E você de óculos escuros.
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Eu digo: "Te amo!"
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E você só acredita quando eu juro.
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Eu lanço minha alma no espaço,
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Você pisa os pés na terra.
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Eu experimento o futuro
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E você só lamenta não ser o que era.
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E o que era?
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Era a seta no alvo,
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Mas o alvo, na certa, não te espera.
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Eu grito por liberdade,
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Você deixa a porta se fechar.
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Eu quero saber a verdade
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E você se preocupa em não se machucar.
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Eu corro todos os riscos,
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Você diz que não tem mais vontade.
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Eu me ofereço inteiro
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E você se satisfaz com metade.
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É a meta de uma seta no alvo,
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Mas o alvo, na certa não te espera!
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Então me diz qual é a graça
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De já saber o fim da estrada,
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Quando se parte rumo ao nada?
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Sempre a meta de uma seta no alvo,
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Mas o alvo, na certa, não te espera.
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Então me diz qual é a graça
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Abaixo, vídeo da música "A Seta e o Alvo" (03:23) com Paulinho Moska.


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Foto: Banco de imagens da web

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Mensagem da Água

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Matéria enviada por Valdriana Pavão – Curitiba/PR
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Mensagem da Água
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Masaru Emoto, cientista japonês, demonstrou como o efeito de determinados sons, palavras, pensamentos, sentimentos alteram a estrutura molecular da água.
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A técnica consiste em expor a água a esses agentes, congelá-la e depois fotografar os cristais que se formam com o congelamento.
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O Dr. Emoto colocou água entre dois alto-falantes que emitiam o som de uma oração e, após algum tempo congelou a água e fotografou os cristais que se formaram.
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Não esqueçamos que nós, seres humanos, somos compostos de 70% de água!
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Se um simples obrigado, muda uma molécula de água, imaginem o que uma prece, palavras de amor, fraternidade, encorajamento, amizade, podem fazer percorrendo nosso corpo carregado de água. Se isso acontece fora do nosso corpo, ocorrerá dentro dele também, cada vez que agirmos com amor e retidão!
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Mas convém lembrar que o inverso também ocorrerá com palavras ou sentimentos de ódio, inveja, vingança, etc. E é com isso que a gente pode adoecer, com água carregada de energia má e destrutiva. Muitas doenças começam a partir de nós! Contudo, se quisermos, tudo acabará a partir de nós também!
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Assim, se água poluída faz mal à saúde, pensamentos e palavras ruins também o fazem!
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Qual a molécula que nós queremos dentro de nós?
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Foto: (cabeçário) Banco de imagens da web; (pesquisa) Material enviado.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Mônica Salmaso

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Existem muitos nomes recentes da música brasileira na atualidade.
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É o caso da paulista Mônica Salmaso que aos poucos vai ganhando notoriedade.
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Mônica lançou seu primeiro cd em 1995 e foi indicada para o Prêmio Sharp em 1997 como revelação na categoria MPB.
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Foi vencedora do Segundo Prêmio Visa MPB – Edição Vocal, pelo júri e aclamação popular em 1999.
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De lá pra cá vem consolidando seu trabalho com outros CDs, além de interpretar algumas canções conhecidas em parcerias com nomes como Edu Lobo e Chico Buarque, e em muitos de seus trabalhos vêm sendo acompanhada pelo grupo Pau Brasil.
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Para conhecer mais sobre o trabalho de Mônica Salmaso, acesse o site:
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Abaixo, vídeo da música “Beatriz(04:09) com Mônica Salmaso.
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Fotos: Dani Gurgel - extraídas do site de Mônica Salmaso.

domingo, 9 de novembro de 2008

- O Sul do Brasil -

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Fusão dos universos urbano e rural e revalorização da cultura popular – O Sul do Brasil –
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* Por Álvaro Barcellos
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...eu sou do fim do sul do fundo do quintal do país..., cantavam os Almôndegas, em Alô buenas (Kleiton e Kledir Ramil), do último álbum da banda, Circo de marionetes, de 1978.
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O Rio Grande do Sul conta com uma série de músicos, poetas e compositores que, pela qualidade de suas obras, merecem destaque – alguns já o obtiveram, outros decerto ainda o obterão. Outros talvez, porém, jamais obtenham o reconhecimento devido (especialmente país afora).
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Por várias razões, quer de origem geográfica (por ter um clima bastante diferenciado, gerando talvez algo particularmente próprio, como insinua a Estética do frio, do compositor, cantor e escritor Vitor Ramil), quer de origem histórica – como no movimento Farroupilha, que quase isolou mesmo o Rio Grande do restante do país em meados dos anos 1800.
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Entretanto, o país já acostumou-se a aplaudir no passado compositores que ganharam grande consagração, como Lupicínio Rodrigues (Nervos de aço e Felicidade), do mesmo modo que hoje cultua nomes como Yamandu Costa (violão) e Renato Borghetti (gaita-ponto). Além de Kleiton e Kledir (Maria fumaça e Navega coração), Adriana Calcanhoto (Esquadros e Água Perrier, parceria com Antonio Cícero).
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Outros compositores começam a ganhar projeção, como Vitor Ramil, pelotense como os irmãos K & K, recentemente contemplado com o cobiçado Prêmio Tim. Vitor é autor de Loucos de Cara, parceria com Kleiton, e Sapatos em copacabana, já tendo sido gravado por nomes como Mercedes Sosa (Não é céu) e Gal Costa (Estrela estrela).
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Também nomes como Nei Lisboa (já gravado por Cida Moreira), autor de Não me pergunte a hora e Noves fora, ambas com Augusto Licks – da banda Engenheiros do Hawaii, que também ganhou projeção, assim como a banda Nenhum de nós.
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Outros compositores que se projetaram são Bebeto Alves (Depois da chuva e De um bando), Nelson Coelho de Castro (Armadilha e Vim vadiá), Giba Giba (Lugarejo, parceria com Wanderley Falkenberg, e Beirando o rio, com Celso Ferreira), Gelson Oliveira – que já tocou com o grupo Tarancón – e é autor de Tempo ao tempo, Raul Ellwanger, de Pialo de sangue – já gravado pelo compositor argentino Leon Gieco e por cantoras do porte de Elis Regina e Mercedes Sosa –, Totonho Villeroy (Don Vicenzo loco, com Gastão Villeroy), já gravado por Ana Carolina.
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Temos ainda a irreverente dupla Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky, do espetáculo Tangos e tragédias. Ganharam projeção também Mario Barbará (Desgarrados, com Sergio Napp, e Velhas brancas), os missioneiros Telmo de Lima Freitas (Esquilador e Prenda minha") e Noel Guarani (Tropeiro, com Jaime Caetano Braun, e Potro sem dono), além de Zé Caradípia, gravado por Zizi Possi (Asa morena), Hermes Aquino, de Nuvem passageira, que compôs em parceria com nomes como Tom Zé (Você gosta?), Jerônimo Jardim (Purpurina), interpretada por Lucinha Lins, vencedora de festival da Globo, Marco Aurélio Vasconcellos (Gaudêncio sete luas, gravada pelos Almôndegas, e Cordas de espinho – ambas com Luiz Coronel) e Pery Souza – primo de Vitor, Kleiton e Kledir, e fundador dos Almôndegas. Pery já foi gravado pela cantora Olivia Hime, e é autor de Noite de São João, parceria com Kledir, Estrela guria, com Fogaça, Pampa de luz (com Luiz de Miranda) e Milonga borgeana (com Jaime Vaz Brasil).
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Temos ainda outros nomes importantes, como Pedro Munhoz (Procissão dos retirantes, parceria com Martim César, Outras viagens, parceria com Álvaro Barcellos, e Te mando notícia de mim). Além de Helio Ramirez, de Cristina, a louca das ervas e Maria charqueadas e Fronteiras.
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Sem contar os já falecidos, prematuramente, Carlinhos Hartlieb (É tão bom saber e Maria da Paz) e Basílio Conceição (Groenlândia e Canção para minha prenda).
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Ah, só pra lembrar: os Almôndegas emplacaram nacionalmente ao menos um grande sucesso: Canção da meia-noite, de Zé Flavio, e que foi trilha da telenovela Saramandaia, obra ligada ao realismo fantástico, de Dias Gomes.
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O Rio Grande do Sul, definitivamente, conta com todos os ingredientes para contribuir decisivamente para o enriquecimento da MPB. Mas o gaúcho resiste, inclusive por conta de um grande apego a essa terra, que fica aqui... No fundo do quintal do país.
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Abaixo, vídeos das músicas "Canção da Meia-Noite" (04:28) com os Almôndegas; "Noite de São João" (04:05) com Vitor Ramil e "Estrela Guria" (03:54) com Carolinne Caramão - na TVE da Bahia.
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(Canção da meia-noite)

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(Noite de São João)

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(Estrela guria)

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Próximo artigo: Fusão dos universos urbano e rural e revalorização da cultura popular - São Paulo -
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(Mande suas críticas e sugestões de pautas para o e-mail: ab.prs@hotmail.com)

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*Álvaro Barcellos – poeta e letrista, parceiro de algumas canções com Pedro Munhoz – já gravadas – e algumas com Hélio Ramirez, Marco Aurélio Vasconcellos e Pery Souza, ainda inéditas em CD.

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Foto: Banco de imagens da web