terça-feira, 23 de setembro de 2008

Pablo Neruda

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Em 23 de setembro de 1973, Neftali Ricardo Reyes conhecido pelo pseudônimo de Pablo Neruda se desfazia da materialidade, mas deixava a herança de inquietações e um amplo campo para se fazer sentido.
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Quem morre?
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Pablo Neruda
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Morre lentamente
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quem se transforma em escravo do hábito,
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repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
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quem não muda de marca
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Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa
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com quem não conhece.
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Morre lentamente
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quem faz da televisão o seu guru.
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Morre lentamente
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quem evita uma paixão,
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quem prefere o preto no branco
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e os pingos sobre os "is"
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em detrimento de um redemoinho de emoções,
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justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
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sorrisos dos bocejos,
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corações aos tropeços e sentimentos.
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Morre lentamente
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quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
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quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
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quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
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fugir dos conselhos sensatos.
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Morre lentamente
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quem não viaja,
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quem não lê,
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quem não ouve música,
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quem não encontra graça em si mesmo.
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Morre lentamente
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quem destrói o seu amor-próprio,
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quem não se deixa ajudar.
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Morre lentamente,
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quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
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ou da chuva incessante.
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Morre lentamente,
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quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
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não pergunta sobre um assunto que desconhece
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ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
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Evitemos a morte em doses suaves,

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recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
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que o simples fato de respirar.
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Somente a perseverança fará com que conquistemos
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um estágio esplêndido de felicidade.

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Foto: Banco de imagens da web

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