domingo, 28 de setembro de 2008

Aprendizado

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Texto enviado por Maria de Lourdes Andrade -Porto Alegre/RS
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Este é o poder da vida sem violência.
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O Doutor Arun Gandhi, neto de Mahatma Gandhi e fundador do MK Gandhi Institute, contou a seguinte história sobre a vida sem violência, na forma da habilidade de seus pais, em uma palestra proferida em junho de 2002 na Universidade de Porto Rico.
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"Eu tinha 16 anos e vivia com meus pais, na instituição que meu avô havia fundado, e que ficava a 18 milhas da cidade de Durban, na África do Sul. Vivíamos no interior, em meio aos canaviais, e não tínhamos vizinhos, por isso minhas irmãs e eu sempre ficávamos entusiasmados com a possibilidade de ir até a cidade para visitar os amigos ou ir ao cinema.
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Certo dia meu pai pediu-me que o levasse até a cidade, onde participaria de uma conferência durante o dia todo.
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Eu fiquei radiante com esta oportunidade.
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Como íamos até a cidade, minha mãe me deu uma lista de coisas que precisava do supermercado e, como passaríamos o dia todo, meu pai me pediu que tratasse de alguns assuntos pendentes, como levar o carro à oficina.
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Quando me despedi de meu pai ele me disse:
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"Nos vemos aqui, às 17 horas, e voltaremos para casa juntos"
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Depois de cumprir todas as tarefas, fui até o cinema mais próximo.
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Distraí-me tanto com o filme (um filme duplo de John Wayne) que esqueci da hora. Quando me dei conta eram 17h30. Corri até a oficina, peguei o carro e apressei-me a buscar meu pai. Eram quase 6 horas.
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Ele me perguntou ansioso: " Porque chegou tão tarde?".
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Eu me sentia mal pelo ocorrido, e não tive coragem de dizer que estava vendo um filme de John Wayne. Então, lhe disse que o carro não ficara pronto, e que tivera que esperar. O que eu não sabia era que ele já havia telefonado para a oficina.
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Ao perceber que eu estava mentindo, disse-me:
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"Algo não está certo no modo como o tenho criado, porque você não teve a coragem de me dizer a verdade. Vou refletir sobre o que fiz de errado a você. Caminharei as 18 milhas até nossa casa para pensar sobre isso".
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Assim, vestido em suas melhores roupas e calçando sapatos elegantes, começou a caminhar para casa pela estrada de terra sem iluminação.
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Não pude deixá-lo sozinho...Guiei por 5 horas e meia atrás dele...Vendo meu pai sofrer por causa de uma mentira estúpida que eu havia dito. Decidi ali mesmo que nunca mais mentiria.
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Muitas vezes me lembro deste episódio e penso: " Se ele tivesse me castigado da maneira como nós castigamos nossos filhos, será que teria aprendido a lição? " Não, não creio.
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Teria sofrido o castigo e continuaria fazendo o mesmo. Mas esta ação não-violenta foi tão forte que ficou impressa na memória como se fosse ontem".
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Foto: Banco de imagens da web

sábado, 27 de setembro de 2008

Paul Newman

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Há mais ou menos umas duas semanas atrás assisti a um documentário que mostrava a vida de Robert Redford e Paul Newman, e como eles haviam construindo uma carreira de certa forma em parceria, como ocorreu em alguns filmes e que ficou bastante marcado em “Butch Cassidy and the Sundance Kid”.

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O documentário era bem recente e mostrava uma coisa impressionante, a jovialidade dos dois e devo dizer que ainda mais de Robert, chamou-me a atenção como certas pessoas sabem envelhecer construindo sua caminhada em algo transcendente ao corpo, pois no caso de Robert ele continua desenvolvendo o seu trabalho no cinema e possui uma produtora formadora de novos diretores e produtores bem conhecida.
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Robert também falou de como achava importante tornar sua vida um processo além do condicionamento da projeção mítica que algumas pessoas formam dos atores, portanto precisou fazer de sua vida um projeto prático de trabalho atrás das câmeras com outras atividades.
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Paul Newman não ficou muito atrás, pois expressava uma espirituosidade impressionante diante dos repórteres que pode também ser conferida ao longo de sua vida pelos registros anteriores que o documentário mostrou.
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Perguntado se não deveria estar (guardado) em casa para que ficasse na memória das pessoas sua imagem mais jovem, ele manifestou a satisfação no desafio de continuar vivendo.
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A partir dessas e outras impressões é possível dizer que, uma das coisas que transcendem a vida é com certeza a postura que temos diante dela.
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Abaixo postei o vídeo de trecho do filme “Butch Cassidy and the Sundance Kid” em que segundo Robert achou estranha a música inserida na cena, mas que ao ver o resultado depois achou muito bom, coisa que o público também achou, pois a música após o lançamento do filme ficou semanas na lista das mais tocadas nos USA.

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Foto: Banco de imagens da web

O tempo passa...

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Existem algumas curiosidades com a música e principalmente sobre as nossas vivências na adolescência e juventude, quando muitos temas marcam essas passagens. Embora no final do século XX as músicas tenham se tornado muito mais perecíveis, mas mesmo assim algumas delas ainda nos remetem imediatamente as imagens da época, pois estão atreladas.
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Lembro-me de no final dos anos 80 e na sequência dos anos 90 de muitas músicas que não fazem mais parte do cotidiano musical, mas que são interessantes relembrar.
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Outro dia revendo alguns vídeos achei um do Echo & The Bunnymen“Killing Moon” que juntamente com muitas outras bandas fizeram parte dessa fase juvenil como o The Smits, Pink Floyd (de certa forma ainda presente), Supertramp, The Police, The Cure (alguma coisa gostava) e muitas outras nacionais.
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Com o tempo algumas coisas se aprimoram, mudam também no contexto musical e outras passam a fazer parte do nosso dia-a-dia sonoro.
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Por isso acabei postando “Killing Moon” para relembrar aqueles que como eu tiveram presentes essas lembranças.
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O tempo passa...


Foto: Banco de imagens da web

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cultura

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O Rio Grande do Sul comemora no dia 20 de setembro o marco da Revolução Farroupilha, e muito embora as comemorações apresentem os vários elementos históricos, do folclore, da cultura gaúcha e mesmo da música tradicionalista, penso que existem muitos compositores e músicos bacanas do RS que fogem desse estilo mais tradicionalista e que expressam muito bem a identidade e o espírito gaúcho através de seus trabalhos.
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Como é o caso de “Pealo de Sangue” do Raul Elwanger que já foi gravado por grandes nomes da música latino-americana como Leon Gieco e Mercedes Sosa, “Desgarrados” do Mário Barbará e “Vento Negro” do Fogaça, que postei em vídeo, bem como o "Hino Rio-Grandense" que acho também muito bonito.
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"Pealo de Sangue"

"Desgarrados"

"Vento Negro"

"Hino Rio-Grandense"

Foto: Banco de imagens da web (Cidade de Porto Alegre/RS)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Pablo Neruda

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Em 23 de setembro de 1973, Neftali Ricardo Reyes conhecido pelo pseudônimo de Pablo Neruda se desfazia da materialidade, mas deixava a herança de inquietações e um amplo campo para se fazer sentido.
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Quem morre?
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Pablo Neruda
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Morre lentamente
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quem se transforma em escravo do hábito,
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repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
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quem não muda de marca
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Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa
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com quem não conhece.
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Morre lentamente
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quem faz da televisão o seu guru.
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Morre lentamente
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quem evita uma paixão,
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quem prefere o preto no branco
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e os pingos sobre os "is"
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em detrimento de um redemoinho de emoções,
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justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
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sorrisos dos bocejos,
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corações aos tropeços e sentimentos.
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Morre lentamente
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quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
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quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
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quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
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fugir dos conselhos sensatos.
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Morre lentamente
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quem não viaja,
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quem não lê,
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quem não ouve música,
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quem não encontra graça em si mesmo.
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Morre lentamente
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quem destrói o seu amor-próprio,
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quem não se deixa ajudar.
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Morre lentamente,
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quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
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ou da chuva incessante.
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Morre lentamente,
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quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
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não pergunta sobre um assunto que desconhece
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ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
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Evitemos a morte em doses suaves,

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recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
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que o simples fato de respirar.
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Somente a perseverança fará com que conquistemos
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um estágio esplêndido de felicidade.

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Foto: Banco de imagens da web

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Poesia: "Naufrágo"

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Náufrago
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*Álvaro Barcellos
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Náufrago eu fui por muito tempo
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e nunca fui por opção:
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sofri naufrágios mais diversos
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por onde andou meu coração.
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Onde navegam minhas veias
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eu nunca pude ancorar
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pois um veneno junto ao sal
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fez de meu sangue um triste mar.
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Perdi contato com as sereias
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e com seu canto de ilusão.
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E nunca mais vi os faróis
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(alentos desta embarcação).
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Perdi o rumo das estrelas
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e assim errei por essas águas.
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Se densas névoas se formaram,
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levaram todas minhas mágoas.
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E era mais forte do que eu
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pudesse então imaginar:
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o meu naufrágio era um martírio
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(delírio interestelar).
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Tentei em vão loas de amor
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cantei cantigas medievais
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sem suspeitar que meu naufrágio
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estava escrito em cada cais.

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*Álvaro Barcellos - Poeta e Compositor da cidade de Pelotas/RS.
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Foto: Banco de dados da web

domingo, 21 de setembro de 2008

Uma Revolução Farroupilha

*Por Tyrone Andrade de Mello

Ontem foi mais um 20 de Setembro e ficamos pensando se nos dias de hoje não nos falta um pouco de força dos ideais farrapos. Pelo menos é assim que meus sentimentos atávicos se manifestam quando chega nesta data comemorativa. Cada ano que se passa fica difícil compreender o significado da Revolução Farroupilha. Ela foi uma revolução? No contexto das rebeliões ocorridas durante a Regência em diferentes províncias não foi; nem numa luta de dez anos contra a monarquia lusa; nem contra a centralização política e administrativa; menos ainda em optar por idéias republicanas. Que revolução foi esta?
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Este acontecimento político marcou nossa história e que tornou um marco de referência para nossa identidade. Na bela melodia do Hino Rio-grandense poucos sabem que foi de autoria de um negro, o maestro mineiro Joaquim José de Mendanha, que estava no RS à época farroupilha e se fixou depois em Porto Alegre. Já a letra de Francisco Pinto da Fontoura vem sendo cantada com pequena adaptação para a visão negra: "Povo que é lança e virtude/a clava quer ver escravo". Também uma estrofe inteira foi suprimida pela lei estadual de 5 de janeiro de 1966 a mesma lei que o substituiu como um dos símbolos do estado: "Entre nós reviva Atenas/Para assombro dos tiranos/sejamos gregos na glória/ e na virtude romanos".
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É com amor, orgulho e honra que nós dizemos que somos gaúchos e é com a nossa memória e nossas festividades que a cada ano reverenciamos a luta farroupilha com liberdade, igualdade e humanidade. Sabemos pelejar e olhar o horizonte firme e determinado que nos lembra os ideais farrapos.
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*Tyrone Andrade de Mello é professor de história da rede estadual do RS na cidade de Porto Alegre/RS.
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Foto: Banco de imagens da web

Blog "Conversando Sobre"


A contemporaneidade nos tem proporcionado discussões e adaptações constantes, como podemos também atribuir tal movimento a todas as épocas. Cada momento na história com a sua devida especificidade de forma e intensidade, mas todos interligados de alguma forma.
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Com relação à educação, tem sido ainda mais intenso, pois se apresentam hoje vários desafios como o da inclusão e a prática com os alunos, discussão e adaptação essa que merecem a atenção de vários setores.
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Tarefa árdua que se bem processada pode promover um bem a todos de forma global.
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Tyrone Andrade de Mello atua como professor de história na rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul, na cidade de Porto Alegre/RS.
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Tyrone além de professor é meu primo, e embora a parentela nos vincule não conversávamos há muito tempo, aproximadamente 17 anos, em função dos caminhos distintos que as famílias tomam.
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A partir de um reencontro que fizemos de nossas famílias no último final de ano em Porto Alegre, pudemos restabelecer um vínculo e tem sido bacana trocarmos as muitas opiniões e impressões como fazem os amigos.
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Tyrone possui um blog interessante de comunicação com a comunidade e trás à tona muitas informações pertinentes a sua área, educação e história.
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Seu blog chama-se “Conversando Sobre” e está entre nossos links.
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Grande abraço Tyrone.
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Foto: Banco de imagens da web

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Escolhas

São interessantes certas lembranças, pois nos revivam imediatamente os sentimentos daquele momento que alçamos no tempo.
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Em meados de 2004, eu e o meu amigo Álvaro Barcellos, escrevemos um roteiro de um vídeo para concorrer em uma seleção estadual do RS, o vídeo chamava-se “Escolhas”. Pois fazia um tempo que eu não mexia com produção áudio-visual e estava sentido falta. Já o Álvaro tem uma experiência bacana com as palavras, literatura, música, pois é poeta e compositor com alguns trabalhos conhecidos e reconhecidos.
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A estória ficou bem interessante, e tudo foi organizado, desde orçamento ao pessoal escalado para produção. Mas no último dia teve-se um contratempo burocrático de alguns documentos da produtora que atrasaram na emissão e não pudemos sequer inscrever o trabalho. Deixamos para a nova seleção do ano seguinte, entretanto no ano seguinte eu já estava arrumando as malas para partir para o Paraná.
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Dentro da produção foi feita uma trilha original, maravilhosa, também intitulada “Escolhas”, escrita por Álvaro Barcellos e musicado pelo seu antigo parceiro de músicas, o querido Ricardo Petrucci. (Num próximo post publicaremos a música)
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Alguns trechos do vídeo recebiam a narrativa de partes do poema “Desejo a Você” de Victor Hugo.
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Boas lembranças, excelentes amigos...
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DESEJO A VOCÊ
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Victor Hugo
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Desejo, primeiro, que você ame, e que, amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E que, esquecendo, não guarde mágoa.
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Desejo também que tenha amigos, ainda que maus e inconseqüentes. Que sejam corajosos e fiéis, e que pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar.
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E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha adversários. Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
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E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.
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Desejo, depois, que você seja útil, mas não insubstituível. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
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Desejo, ainda, que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.
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Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer, e que, sendo velho, não se entregue ao desespero.
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Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor, e é preciso deixar que aconteçam no tempo certo.
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Desejo, por sinal, que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia. E que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insonsso e o riso constante é insano.
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Desejo que você descubra, com a máxima urgência, acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos e infelizes, e que estão à sua volta.
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Desejo, ainda, que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal porque, assim, você se sentirá bem por pouca coisa.
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Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
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Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga Isso é meu, só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
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Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você, mas que, se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
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Desejo, por fim, que você, sendo homem, tenha uma boa mulher, e que sendo mulher, tenha um bom homem e que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.------------


Foto: Banco de imagens da web

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Arte: Vik Muniz



Outro dia ao passar os olhos pela TV, acabei vendo uma entrevista com Vik Muniz, um artista plástico que usa a fotografia para registrar suas obras, pois ele trabalha com colagens se utilizando de vários elementos, inclusive alimentos.

O artista brasileiro que agora esta fazendo a curadoria de uma exposição do Moma em Nova York, comentou como seu trabalho se tornou conhecido lá. Foi quando ele apresentava algumas fotografias em um espaço menor de uma pequena galeria de arte, e ao mesmo tempo o jornal New York Times fazia uma matéria no espaço principal da galeria, entretanto, os jornalistas acabaram se deparando com o trabalho de Vik Muniz e se interessaram prontamente e desde então seu trabalho ganhou notoriedade

O trabalho em questão, seriam fotos que ele tirara de uma comunidade de cortadores de canas, onde ele conheceu primeiro os filhos desses cortadores, que segundo ele, eram muito alegres, o que contrastou com seus pais que apresentavam tristeza e sofrimento expressos em seus olhares e rostos, e à essas fotos acrescentou o poema “O açúcar” de Ferreira Gullar.
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O açúcar
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Ferreira Gullar
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O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema
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não foi produzido por mim
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nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
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Vejo-o puro
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e afável ao paladar
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como beijo de moça, água
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na pele, flor
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que se dissolve na boca. Mas este açúcar
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não foi feito por mim.
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Este açúcar veio
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da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
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dono da mercearia.
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Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco
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ou no Estado do Rio
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e tampouco o fez o dono da usina.
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Este açúcar era cana
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e veio dos canaviais extensos
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que não nascem por acaso
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no regaço do vale.
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Em lugares distantes, onde não há hospital
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nem escola,
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homens que não sabem ler e morrem de fome
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aos vinte e sete anos
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plantaram e colheram a cana
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que viraria açúcar.
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Em usinas escuras,
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homens de vida amarga
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e dura
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produziram este açúcar
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branco e puro
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com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
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Fotos: Vik Muniz

Blog " Diário de Bordo"


A cidade de Campo Largo/PR em que moro atualmente é um encanto de cidade, e fica a 15 minutos de Curitiba/PR . A cidade tem sido considerada por muitos, como cidade dormitório, pois muita gente trabalha em Curitiba e mora em Campo Largo.

Por aqui conheci muitas pessoas bacanas e continuo conhecendo gente!

O Fernando Petrosky é uma dessas pessoas que juntamente com sua família nos acolheu muito carinhosamente e tem sido um grande companheiro em muitas atividades da Casa Espírita na qual estamos atuando. Seu blog “Diário de Bordo” ao qual ele tem postado suas crônicas, está também disponível agora nos links de acesso.
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Com o tempo falaremos mais de Campo Largo e nossos amigos daqui, entre eles uma figura chamada Airton Luir. Que figura!

Um abraço à todos.
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Foto: Adriano Barboza/2007

Estréia


Ensaio Sobre a Cegueira


Embora um bom filme mereça destaque, espero não ficar só na temática audiovisual. Mas um aspecto bacana é a postura do cineasta Fernando Meirelles, conforme se pode observar em algumas entrevistas. Pois esse diretor brasileiro que começa a ser solicitado pela indústria americana, apresenta um lado pessoal avesso ao das grandes estrelas, por sua simplicidade e jovialidade em vários momentos, e embora esteja sendo badalado pelo mundo todo do cinema, não perdeu sua naturalidade.

Segundo Meirelles, o filme “Cidade de Deus” continua sendo um fantasma em sua vida, pois ninguém o esqueceu e muitos diretores e artistas renomados sempre falam no filme (uma injustiça o filme não ter sido premiado quando concorreu ao Oscar). O novo filme “Ensaio Sobre a Cegueira” é sem dúvida uma realização autoral que não tem propriamente um enfoque comercial, e apresenta curiosidades de construção. Um dos fatos curiosos é o fato do Fernando Meirelles insistir nos testes de filme, que consiste em apresentar o filme para pequenos públicos para observar sua aceitação e entendimento. Em um desses testes que aconteceu nas primeiras sessões em Toronto no Canadá, uma parte do público acabou levantando da sala e saindo no meio do filme, por considerá-lo forte e pesado demais nas duas cenas de estupros e em seu contexto geral, conforme expressou também o público que ficou até o fim, levando assim o diretor a promover muitos ajustes. O filme parece mesmo ser bem feito e interessante, e como já tem sido bem divulgado, teve a aprovação em lágrimas do mestre José Saramago, o que realmente é muito gratificante.

"Ensaio Sobre a Cegueira" é uma obra que merece ser vista não só pela qualidade do texto de origem, mas também pelo talento inequívoco de seu diretor.
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Foto: Banco de imagens da web

domingo, 14 de setembro de 2008

Estréia

Filmes brasileiros surpreendem e fazem boas estréias no fim de semana

Plantão Publicada em 02/09/2008 às 13h35mO Globo OnlineRIO


As produções nacionais surpreenderam e fizeram boa estréia no circuito este fim de semana. Mesmo com 14 lançamentos no país, os longas 'Bezerra de Menezes - Diário de um espírito' e 'Os desafinados' conseguiram ficar entre os dez mais vistos no ranking divulgado esta terça-feira, pelo 'Filme B'. E o mais improvável: o médium vivido por Carlos Vereza superou o galã Rodrigo Santoro. Com temática espírita, 'Bezerra de Menezes' teve a melhor média de público. Foram 1.049 pessoas por cópia (o filme foi distribuído com 44 fitas), deixando a produção protagonizada por Carlos Vereza na sétima posição. Para se ter uma idéia, a melhor estréia da semana, 'O reino proibido' com Jackie Chan, ficou em segundo lugar, levando mais de 90 mil pessoas aos cinemas. Mas fez apenas 511 espectadores por cópia. Ao todo, 'Bezerra de Menezes' foi visto por 51.389 pessoas.Outra estréia brasileira, o aguardado 'Os desafinados', ficou em oitavo lugar. O filme de Walter Lima Jr., com Rodrigo Santoro, Selton Mello e Cláudia Abreu no elenco, foi visto por 37.405 espectadores. Em cartaz com 50 cópias, a média de público foi de 575 pessoas.
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Foto: Banco de imagens da web

Sugestão de locação

“A Vida dos Outros”

Para quem não viu ainda, vale a pena assistir.

Esse filme pode ser considerado um dos melhores filmes de 2008, fora o fato de ter arrebatado vários prêmios internacionais, bem como o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2007. É o recordista de indicações na história da premiação anual da Alemanha, tendo recebido 11 indicações.

O filme alemão, conta uma estória que ocorre em 1984 na Alemanha Oriental, quando um grande dramaturgo passa a ser vigiado pelo regime por suspeitas de algo a ser descoberto, mas, no entanto a trama apresenta o envolvimento do espião experiente que passa a se interessar pela vida desse dramaturgo e sua namorada, dramaturgo esse que aos poucos começa a questionar o regime, ao mesmo tempo o espião passa a se envolver emocionalmente sobre sua análise, levando-o a ficar mais atento e importar-se com seu vigiado. Os desdobramentos do filme nos levam ao valor dos sentimentos e da nossa intrínseca vocação à liberdade.

O curioso é que orçamento de "A Vida dos Outros" foi de US$ 2 milhões, um valor muito abaixo das superproduções mundiais, mas com qualidade cinematográfica muito superior a muitas delas.
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Foto: Banco de imagens da web

sábado, 13 de setembro de 2008

Visões do Mundo - Apresentação


Bem, meus caros. Esse blog é totalmente despretensioso apesar de seu título. Pois esse título deve-se justamente ao olhar humano que compreende vários nuances (sempre com a influência de quem o vê) como social, psicológico, humanístico, poético, artístico e filosófico, mas essencialmente um espaço de exposição de visões sobre o homem e o mundo. Portanto, um espaço aberto para amigos mostrarem suas fotos, poesias, comentários e opiniões.
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Foto: Adriano Barboza/2008