quarta-feira, 11 de março de 2009

O Poeta

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O Poeta
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Manoel de Barros
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Vão dizer que não existo propriamente dito.
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Que sou um ente de sílabas.
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Vão dizer que eu tenho vocação pra ninguém.
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Meu pai costumava me alertar:
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Quem acha bonito e pode passar a vida a ouvir o som das palavras
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Ou é ninguém ou zoró.
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Eu teria 13 anos.
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De tarde fui olhar a Cordilheira dos Andes
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que se perdia nos longes da Bolívia
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E veio uma iluminura em mim.
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Foi a primeira iluminura.
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Daí botei meu primeiro verso:
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Aquele morro bem que entorta a bunda da paisagem.
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Mostrei a obra pra minha mãe.
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A mãe falou:
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Agora você vai ter que assumir as suas irresponsabilidades.
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Eu assumi: entrei no mundo das imagens.
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Foto: Banco de imagens da web.

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